Ao Brasil, com amor: uma troca mensal de cartas entre dois “estrangeiros” que nos levará até meados de 2022. Jamil Chade (em Genebra) e Juliana Monteiro (em Roma) compartilharão suas reflexões sobre o que será e quem seremos nesse momento de revolução. São cartas digitais. Mas os sentimentos, angústias e buscas são tão reais quanto seus próprios sonhos.
Genebra, 5 de dezembro de 2021
Querida Juliana,
Tuas cartas não são meras correspondências. São poemas. E, como correspondente há mais de duas décadas, me coloco diante do poder de tuas palavras em mais uma posição de estrangeiro. Desta vez, literária. Incapaz de rimar, compenso o silêncio das páginas em branco com fatos incontestáveis ou com óbvios “estou com saudades”. Sem conseguir transformar versos em arte, respondo tua carta na condição de forasteiro.
Como você, sou neto de imigrantes e tenho filhos imigrantes. Estrangeiro? Todas as vezes que abro os olhos pela manhã, num gesto que inaugura o amanhã, o futuro.
Sou brasileiro, com nome...