A liberdade causava experimentações deliciosas. Se olhar no espelho. De corpo inteiro. Examinar as mucosas. Sentir as carnes. Rígidas num canto. Amolecidas no outro. Repousavam despreocupadas sobre sua estrutura.
A liberdade permitia gestos inocentes. Admirar o umbigo, proibido desde cedo. A madrinha, longe, na infância, em discurso de beata, censurava:
− Ajuste a camisa, ó desleixada! Pensa o quê? Que é vedete, para andar por aí com o umbigo de fora?
Vedete. Vedete? Não atinava. Não encontrava uma foto. Numa revista. Num livro. Até que, jovem, descobriu a imagem num jornal. Achou alegre. Quisera sim ter sido vedete. Ou dançarina. Cantora. Artista de...