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Caetano Veloso, leitor de Paulo Francis

Foto: Caetano Veloso no III Festival da Música Popular, 1967. Arquivo Nacional.



2021-01-19

Francis cultivou desde sempre uma persona esnobe, elitista, enquanto Caetano invariavelmente se ocupou de borrar as distinções entre termos como alta e baixa cultura. Os dois divergiam a respeito do lugar que o Brasil deveria ocupar no mundo. Se por um lado Paulo Francis enxergava o Brasil como um manancial de atraso, Caetano sempre o viu como um modelo civilizatório vibrante e único. Ambos pertencem a uma geração de intelectuais públicos brasileiros que usou a imprensa como veículo de engajamento em um debate democrático sobre a cultura e a política nacionais.

 

Já tem tempo que sustento, entre amigos e amigas mais próximos, normalmente quando estamos no conforto e segurança de uma mesa de bar vadia, duas teses que são recebidas com assombro. Em primeiro lugar, a de que Caetano Veloso e Paulo Francis têm mais em comum do que em geral se supõe. Em segundo, a ideia de que ambos são intelectuais públicos com mais coerência e rigor do que frequentemente se admite no debate geral brasileiro.

Sobre o primeiro argumento, releio agora o Verdade Tropical, o livro de Caetano, uma interpretação culturalista do Brasil inserida na mesma tradição ensaística de um...

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Gabriel Trigueiro

É doutor em História Comparada pela UFRJ. É especialista em teoria política e crítica cultural. Escreve sobre política brasileira, política internacional e cultura.




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