Anotações escritas em 2018, que retomei em 2019 para uma composição que queria levar adiante ao longo de 2020. Esse confinamento está puxando com força essa raíz fragmentária do silêncio e do ser.
A ideia é compor esse monólogo em fragmentos que alternam o português e o francês, a língua original dessas reflexões.
1.
é disso que se trata agora
sem dúvida
: sobreviver em território selvagem
que rói as orlas do que pulsa e faz com que o corpo seja
apenas umidade,
seja furor
cólera
insurreição na língua
seja um corpo-floresta
com as veias expostas, galhos e folhas sensíveis
é disso sim que se trata, inventar uma fé nas corolas, coroas de um reino novo
na linguagem está o ninho,
pura espera de vozes e ferpas levadas pelo vento, pelo aviso dos pássaros, pela sede anterior à água da mina
ser floresta corporal, apesar da onipresença do asfalto.
2.
enquanto olho para a mata viva diante de mim, uma parede de...