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Eliete: encontro entre lirismo e comicidade

Foto: Dulce Maria Cardoso. Do acervo da autora. Por Manolis Tsafos



2019-08-06

É como se, no romance de Dulce, dois grandes planos se entrecruzassem: um mais, digamos, chão, comezinho, das coisas cotidianas, das angústias e alegrias de uma mulher de classe média e de vida idem nestes tempos correntes; outro, que paira qual nuvem carregada, lembra a paternidade violenta portuguesa, uma nação condenada à herança de Salazar. A mulher mediana que se interroga sobre a própria vida está – e isto se constrói de modo muito sutil no livro – a interrogar também sobre a identidade portuguesa: esse país que se crê enfim reconhecido com a vitória na Eurocopa de 2016.

 

A portuguesa Dulce Maria Cardoso é escritora já conhecida no Brasil. Seu romance Campo de sangue saiu em 2005 no país (pela Companhia das Letras) e o elogiado O retorno foi lançado pela Tinta da China Brasil em 2012 (um ano depois de seu lançamento em Portugal). Publicado por lá no fim de 2018, Eliete, a vida normal deve aparecer por aqui, espera-se, em breve.

O último livro de Dulce, ao ostentar “parte 1” já na folha de rosto, traz a promessa de uma segunda (ao menos uma segunda) parte. Ou seja, traz, a um só tempo, o compromisso de continuação...

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Rita Palmeira

É crítica literária e editora. Doutora em Literatura Brasileira pela USP e mestre em Teoria e História Literária pela Unicamp, escreve sobre livros de ficção e edita livros de não ficção.




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