eclipses e incêndios
cacos de vidro e arames farpados
corpos vagando à procura
de um afago/de um abrigo
de um minuto sem anseio
corpos recém amados/recém
jogados fora. corpos
derramando lágrimas de cera
rosas/garrafas de cerveja
sangue das asas na persiana
paredes inteiras de penumbra
e grunhidos. corpos
sem rosto/sem começo
corpos cobertos de pedidos de socorro
eclipses e incêndios
lágrimas não secam
o despertador toca
o sol machuca pela persiana
tudo machuca, nada
nos acorda. nos acordava?
desejos mortos na praia
de mais uma esperança
há tempo pra desculpas?
falta ar, sobra miséria
velas, lágrimas acesas
olhos em chamas/em ruínas
e agora? é primavera
o inverno não termina
ao pé da cômoda
fios de...