Para Cristina Firmino
A foto do casal de lavradores me pegou pelo pé. Havia terminado a visita ao museu Nogueira da Silva, em Braga, e me voltei para a pequena loja, com livros e postais à venda. Descubro raridades de Maria Ondina Braga, a autora que conheci em Macau e que tanto tem me atraído. No museu, está o espólio doado pela família. Máquina de escrever, fotos, pequenos objetos, os livros que escreveu. Levei um susto enorme ao ver Mulheres escritoras, que havia comprado e lido anos antes, quando andava em busca de mim. Tinha lido, gostado – e esqueci o nome da autora, descobrindo-a vinte anos depois? A memória tem suas manhas, o desejo, artimanhas.
Ando até hoje em busca de mim, e me vejo, em pedaços, nos livros e postais que comprei. Passagem do Cabo, um volume de Nocturno em Macau para presentear uma amiga, fotos variadas. Porcelanas da coleção desse empresário que enriqueceu na era Salazar, camponeses...