Abracei, em língua portuguesa, uma mulher que voltava a Portugal, depois de quarenta anos na Venezuela. A dedicatória em Pluma de Ganso, traduzido ao espanhol, seguiria de Bogotá a Caracas, levada pela amiga venezuelana, que pediu o livro para a vizinha. Uma padeira, acolhida pela América na juventude, e que voltará a seu país de origem. Na pátria emprestada, criou os filhos com dignidade, amassando o pão de cada dia, pondo-o no forno para assar. Já não há fogo possível no presente, reconhece, na crise terrível, periódica e previsível nos países da América Latina.
O fato é que volta ao país de origem a mulher que se transplantou para a América espanhola, trocou a língua materna por língua prima-irmã. Imagino a adaptação, feita no dia a dia, no mercado, no esclarecimento das farinhas e dos fermentos, nas hortaliças para as refeições da família. E mais: nos documentos da imigração, nos contratos de locação, na razão social. As cantigas de ninar,...