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Vegetais vermelhos sobre os mortos

Imagem: acervo da autora



2017-09-27

Um cemitério simples, popular, com ar de fundo de igreja de cidadezinha, cheio de pequenas cruzes convivendo proximamente com símbolos hindus — e as ondas do mar batendo nos limites de tudo. Também chamou a minha atenção que a maioria dos túmulos não era coberta por concreto ou cimento, mas por plantas enraizadas diretamente no solo. Por baixo das plantas jazem os cadáveres. Faz sentido alimentá-las de matéria orgânica, dar continuidade e alimento à outra forma de vida. Eram plantas grandes, nada de grama, capim, ou ervas rasteiras. Espremidos entre o mar e o asfalto muitos dos túmulos continham as costumeiras flores amarelas e brancas dadas ao repouso dos defuntos, mas havia aqui e ali, numa regularidade suficiente pra que eu notasse, montes de dracenas vermelhas plantadas. Com o vento da chuva que acabava de cair dava pra ver as vermelhidões vegetais se agitando, tremeluzindo.

 

Uns dias atrás vi um cemitério na beira do Oceano Índico. Queria ter uma foto, mas não tenho — passávamos devagar de carro e se tudo que me chama atenção nesta ilha (Maurício) eu pedisse pra pararmos, nunca chegaríamos a destino algum. Então ali: entre a estrada e o mar: um cemitério. Não me lembro de já ter visto outro cemitério à beira-mar, mas isto provavelmente é só a minha imaginação superlativa querendo revigorar alguma coisa tornando-a excepcional. Para ser especial nem tudo precisa ser único, mas muitas vezes ser único torna algo raro e, com isto, especial. Vocês...

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Júlia de Carvalho Hansen

Júlia de Carvalho Hansen é poeta, astróloga e uma das editoras da Chão da Feira. Estudou literatura na Universidade de São Paulo e na Universidade Nova de Lisboa. Tem livros publicados no Brasil e em Portugal, sendo o mais recente deles "Seiva veneno ou fruto" (Chão da Feira, 2016). Estreia em breve coluna na revista Pessoa.




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