O léxico do cárcere, da violência, dos representantes do poder, das instâncias judiciais e da anomia alicerçam Infância, de Graciliano Ramos, lançado como livro em 1945, mas que teve grande parte de seus capítulos escritos e publicados em periódicos desde 1938 – ano seguinte à saída do alagoano da prisão. Nessas memórias, tão contrárias à noção idílica de paraíso perdido presente em tantos escritos voltados à meninice, a loja do pai onde o menino é colocado de castigo, a casa da família e a escola, entre outros espaços e seus seres, encerram uma atmosfera de cadeia, ainda assim, ou talvez em resposta a tudo isso, a liberdade dá por vezes sua cara, mesmo que uma liberdade da qual se desconfia, uma liberdade constrangida, assombrada, como por exemplo a liberdade alcançada via leitura. Mas antes que soubesse ler – Graciliano só se tornou apto a ler aos 9 anos, e este aprendizado foi um verdadeiro tormento e tortura para ele –,...