O largo espectro de poetas sul-americanos, franceses e espanhóis que Cabrita tem traduzido ao longo dos anos, a sua erudição omnívora e indisciplinada, característica que o traz avesso ao espartilho do formalismo poético português, bem como a proximidade com poetas e escritores como Grabato Dias, Al Berto, Maria Velho da Costa ou, ainda, Herberto Helder, Helder Macedo, o convívio constante com poetas europeus e americanos, sufis e orientais, com a literatura e a poesia africana, conferiram um lastro singular à sua poesia, como uma voz que raramente é encontrada na poesia contemporânea portuguesa, salvo algumas exceções.
(…)Abracemos o vento, como Ariel,
ou como Caliban. Radiantes.
António Cabrita, “Quadras”, 10, p. 20.
Arredado do panorama da literatura portuguesa contemporânea, por um erro, como ele gosta de dizer, de «geografia amorosa» que o fez seguir para Moçambique, António Cabrita é um autor prolífico e versátil, não sendo apenas poeta, como também romancista, ensaísta, guionista, tendo ainda marcado o panorama editorial português com o seu trabalho editorial de excelência com a Íman. Durante mais de duas décadas foi jornalista no Jornal Expresso, onde assinava a crítica de cinema e de livros e, há mais de 10 anos,...