Não
é que o leitor não tenha o direito de esperar uma narrativa
interessante girando em torno de um pé de sapato. A história de
Cinderela tornou-se, baseada na demanda do príncipe para descobrir a
dona de um sapatinho de cristal, um dos mais famosos e imortais contos
da literatura ocidental. Mas, ao adaptá-la ao relato de um fetiche
burguês e moderno, José de Alencar desprezou elementos de seu próprio
aprendizado como ficcionista, e, assim, A pata da gazela (1870) resultou num romance dos mais chochos.
Já em Cinco minutos
(1856) o enredo alencariano, estruturado de maneira semelhante,
funcionava muito melhor. Somente a condescendência em desengavetar uma
obra menor explica, da parte do escritor maduro, ter publicado esse
livro que nada acrescenta ao patrimônio dos “romances urbanos”,
reiterando o abuso de alguns dos expedientes mais batidos do repertório
romântico, como o solilóquio em linguagem veemente.
As personagens
principais formam um triângulo amoroso. No centro dele está Amélia,
moça de 18 anos, filha...