Poema inédito de Zulmira Ribeiro Tavares. Curadoria de Heloisa Jahn
Os pés perderam o compasso.
Alinharam - se os braços ao tronco
em arco - submissos companheiros
leais indicadores da descida.
Voltaram os sons ao ponto de partida.
Voltaram o contorno e o miolo das figuras,
deixando-lhe vazios
os ouvidos dois túneis sem trilho
os olhos sem traço duas vidraças lavadas.
Perdidos os dentes os alimentos soltaram-se
ausentando-se da boca surpreendida e ávida.
Alertaram-no os amigos tardos no aviso:
abra os olhos ao que passa, foge-lhe tempo.
De imediato obediente os teve abertos
para fecha-los logo mais em definitivo.
Foi em um piscar de olhos a despedida
concluiram os amigos resignados.
A cremação ampliou trêmulo suspiro
um ruflar de asas sem a contribuição...